terça-feira, 14 de dezembro de 2010

E Deus com isso?

A Folha de S.Paulo informa hoje que a Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) inicia hoje uma Campanha publicitária para dizer que Deus pode não existir. As peças de propaganda com frases como “Religião não define caráter” e “A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas”, circularão em ônibus de Salvador e Porto Alegre por um mês.

“A campanha teve início no Reino Unido em 2009 e se espalhou por outros países, com resultados distintos. Nos EUA e na Espanha, a iniciativa deu certo, provocando a esperada polêmica. Na Itália, a veiculação foi proibida. Na Austrália, a companhia responsável por anúncios em ônibus se recusou a exibi-los”, escreve Hélio Schuwartsman. “Algo parecido aconteceu em São Paulo. Depois que conheceu o conteúdo dos anúncios, já após a assinatura do contrato, a empresa que os veicularia se negou a fazê-lo, alegando que a legislação proíbe temas religiosos”.

A notícia informa também que “metade dos cerca de R$ 10 mil utilizados na campanha brasileira vem de pequenas doações e de recursos da própria instituição. A outra metade vem de um único doador paulista que prefere permanecer anônimo”.

Isso me fez lembrar aquela história dos dois rabinos que invadem a madrugada discutindo a existência de Deus e, depois de umas taças de bom vinho, concluem que Deus não existe. Já tarde da noite cada um vai para o seu aposento, mas como de costume acordam bem cedo. Um deles, entretanto, não se apresenta para o desjejum. O outro sai à sua procura vasculhando a casa, e logo encontra o amigo no jardim fazendo seu rito matinal. Ele tem a cabeça coberta com o solidéu, os ombros com o tallit, o manto de orações, e em voz alta repete o Shacharit e o Shema.

– O que você está fazendo?
– Minhas orações matinais, responde o outro com naturalidade.
– Mas nós não concluímos que Deus não existe?
– E o que é que Deus tem a ver com isso?

Via - Blog do Ed René Kivitz

A parábola da bola

Ed René Kivitz

Os dez homens importantes sentados ao redor da bola discutiam acaloradamente:

– A bola é grená, disse um.

– Claro que não, a bola é bordô, retrucou outro em tom raivoso.

Todos estavam fascinados pela beleza da bola e tentavam discernir a cor da bola. Cada um apresentava seu argumento tentando convencer os demais, acreditando que sabia qual era a cor da bola. A bola, no centro da sala, calada sob um raio de sol que entrava pela janela, enchia a sala de uma luminosidade agradável que deixava o ambiente ainda mais aconchegante, exceto para aqueles dez homens importantes, que se ocupavam em defender seus pontos de vista.

– Você é cego?, ecoou pela sala gerando um silêncio que parecia ter sido combinado entre os outros nove homens importantes. Era até engraçado de observar a discussão – na verdade era trágico, mas parecia cômico. Todos os dez homens importantes usavam óculos escuros, cada um com uma lente diferente. Talvez por causa dos óculos pesados que usavam, um deles gritou “você é cego?”, pois pareciam mesmo cegos.

Depois do susto, a discussão recomeçou. O sujeito que acreditava que a bola era cor de vinho debatia com o que enxergava a bola alaranjada, mas um não ouvia o que o outro dizia, pois cada um usava o tempo em que o outro estava falando para pensar em novos argumentos para justificar sua verdade. Aos poucos, a discussão deixou de ser a respeito da cor da bola, e passou a ser uma troca de opiniões e afirmações contundentes a respeito das supostas cores da bola.

A partir de um determinado momento que ninguém saberia dizer ao certo quando, os dez homens tiraram os olhos da bola e passaram a refutar uns ao outros. Em vez de sugestões do tipo “a bola é vermelha”, todos se precipitavam em listar razões porque a bola não era grená, nem cor de vinho, nem mesmo alaranjada.

De repente, alguém gritou: “Ei, pessoal, onde está a bola?” Todos pararam de falar – estavam todos falando ao mesmo tempo, e foi então que perceberam um alarido parecido com aquelas gargalhadas gostosas que as crianças dão quando sentem cócegas.

Correram para a janela e viram uma criançada brincando com a bola, que parecia feliz sendo jogada de mão em mão. Ficaram enfurecidos com tamanho desrespeito com a bola. Ficaram também muito contrariados com a bola, que parecia tão feliz, mas não tiveram coragem de admitir, afinal, a bola, era a bola.

Lá fora, sem dar a mínima para os dez homens importantes, estavam as crianças brincando e se divertindo a valer com a bola que os dez homens importantes pensavam que era deles. E nenhuma das crianças sabia qual era a cor da bola.

Via - Blog do Ed René Kivitz

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Parábola da Pedra

Um dia Jesus estava falando com seus discípulos e disse:

— Eu quero que vocês carreguem uma pedra pra mim!

Foi só isso que ele falou. Simão Pedro não entendeu o porquê. E também Jesus não explicou. Então Pedro deu uma olhada em volta e pegou o menor pedregulho que pôde achar e pôs no bolso. E Jesus disse: “siga-me!”

Então eles andaram a manhã inteira e na hora do almoço Jesus pediu para que todos se sentassem.

— Cada um pegue a sua pedra.

Ele fez um gesto e todas as pedras viraram pães. Era hora do almoço!

Depois de 20 segundos de almoço, Pedro terminou. Quando o almoço acabou Jesus disse:

— Em pé! E eu quero que cada um de vocês carregue uma pedra pra mim.

Pedro ouvindo isso logo olhou em volta e viu uma rocha, colocou-a nos ombros, doeu muito, ele mal conseguia andar. Ele dizia: “Tá difícil, mas mal espero ver a hora do jantar!”

Na hora da janta, Jesus os levou a beira de um rio e disse-lhes:

— Cada um jogue a sua pedra no rio e venham, sigam-me! E quando ele começou a ir embora e largar tudo para trás, Pedro e todos os outros ficaram embasbacados com Jesus.

— Vocês não entenderam? – disse Jesus – Pra quem vocês estão carregando esta pedra? Eu pedi para vocês carregarem a pedra para mim!

Fonte: Outra Forma de Pensar

Pra quem você tem carregado as pedras? Pra si mesmo, ou para aquele que te deu a ordem? Pense nisso.

Via - Territótio 7

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Cristo Crucificado

A Cristo Crucificado
(autor espanhol não identificado)
tradução de Manuel Bandeira

Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido;
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu ainda te amara,
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.



ouça aqui o ator Juca de Oliveira declamar este poema




Fonte: Programa Devaneio - Rádio Band News Fm

(http://bandnewsfm.band.com.br/colunista.asp?ID=146)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Por favor...não me chame!

Roberta Lima

Não me chame para participar de campanhas, atos proféticos, mapeamentos territoriais, propósitos ou coisas similares a esta, cujo objetivo é barganhar e não adorar;

Não me chame para fazer orações determinando e ordenando a benção em “o nome de Jesus” e que não fazem Dele Senhor, mas FORNECEDOR;

Não me chame para falar mal de pastores, ministérios, zombar ou criticar, sem, no entanto, nada acrescentar;

Não me chame para fazer parte de grupos religiosos sectários;

Não me chame para correr de lá para cá atrás de moveres, conferencistas e inúmeros ventos de doutrina;

Não me chame para crer mas não pensar;

Não me chame para ser massa de manobra ou curral eleitoral para eleger pessoas interessadas em proteger seus feudos e não expandir o Reino;

Não me chame para coar o mosquito e engolir o camelo;

Não me chame para fazer de usos e costumes regras de fé e prática;

Não me chame para validar coisas que tão somente a “igreja” proíbe, mas a bíblia permite;

Não me chame para estender a mão e dar o pão ao próximo com o único intuito de praticar proselitismo e não exercitar o puro e simples amor ao próximo;

Não me chame para viver minha fé como se estivesse num gueto e não no Reino que é Dele e permeia todas as coisas;

Não me chame para julgar, sentenciar, reprovar e excluir os pecadores do Reino que a eles foi dada preferência; [Mateus 21:31]

Não me chame para mostrar a superioridade dos “ungidos” do Senhor;

Não me chame
para praticar bibliomancia ou consultar “profetas” que mais parecem cartomantes gospel;


Não me chame para aplaudir manifestações espirituais caricatas – em bom evangeliquês: retetés e riplaplás – mas que em nada transformam;

Não me chame para falar evangeliquês;

Não me chame para falar em nome Dele, brigar em nome Dele, mas nem sequer tentar amar como Ele;

Não me chame para reformar o irreformável;

Não me chame para restaurar o irrestaurável;

Não me chame para recuperar o irrecuperável;

Por favor, não me chame!

Mas se for para tentar viver a simplicidade do evangelho puro e verdadeiro, cristocêntrico e sobretudo relacional, por favor ME CHAME!


Roberta Lima é uma das superpoderosas do Genizah e do Meninas do Reino

ilútica ósão

Ilútica de Ósão
Um heus de Domem.
Um cremático carente.
Uma igrente preseja.
Uma viação de adorida,
tudo ilútica de ósão...
A comunêutica terapenidade,
o podavra da palder,
a comuntos dos sanhão,
ilútica de ósão...
O louberta que livor,
a underosa poção,
a ministrura de cação,
a ilútica ósão...
Vamos farença dizer!
Vamos comigo o inimbater!
Vamos declória a vitarar!
Vamos tosse pomar!
Vamos à ilútica de ósão...


Do ótimo blog do Wilson Tonioli , Verticontes !

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Devo, não nego

Ana Cristina Gontijo

Em maio de 2007, escrevi:


“(...) Minha visita à comunidade Vila Estrela teve a ver com uma moça que vigiou meu carro enquanto eu almoçava em um restaurante perto de casa. Viciada em crack há dois anos, ela não fuma há quase três semanas. Estava sendo ameaçada de morte pelos traficantes por uma dívida de sessenta reais. Por isso, vinha passando as noites na rua, perto do tal restaurante ali na esquina, ali embaixo, sem poder subir. Não pôde participar da festa do dia das mães promovida pela escolinha do morro. Ela tem três filhos. Naquele dia, antes que o sol despontasse, para não ser vista, tinha ido a sua casa para pegar uma muda de roupas. Aproveitou para dar um beijo nos filhos e coar um café para a mãe.

Durante as últimas três semanas, sem pouso, ela começou a ter contato com a graça libertadora de Deus de uma forma que, para qualquer um de nós, pareceria que Deus estava agindo no conta-gotas. Aparentemente, as coisas não haviam mudado tanto. Mas ela demonstrava grande alegria ao descobrir que seu Criador estava disposto a aceitá-la. Para ela, era como se uma forte chuva de graça estivesse descendo do céu sem nuvens, e ela dançando e comendo as gotas da chuva.

Eu vi. Uma moça jurada de morte, viciada há dois anos, finalmente passou três semanas sem fumar crack. Ela atribui o fato à libertação que vem de Deus. Para muitas pessoas lá no morro, é apenas fogo de palha: "Ela vai voltar, essa aí não tem jeito". Para mim, o maior milagre da Terra; o momento em que Deus se revela a um pequenino e o toma nos braços. Isso é suficiente para encher meu mundo todo de alegria.”


No período em que escrevi o texto, tive bastante contato com ela. Depois, sua irmã me procurou para dizer que ela vendeu todas as roupas que ganhou de mim e foi comprar a porcaria. Disse ainda que ela não prestava e que eu não perdesse meu tempo. Insisti ainda uma vez, consegui uma vaga em um projeto de recuperação da igreja batista mais perto de casa. Ela foi, depois voltou para casa e para o fumo. E eu me permiti desistir.

Acho que me satisfiz com as bondades que tinha feito, e, verdade seja dita – pensei - quem quer ajuda, quer; quem não quer, não quer. Fiz minha parte para um mundo melhor. Imagine você que saí do meu cercadinho e cruzei as chamadas fronteiras do submundo com uma moça que devia dinheiro a traficantes. Deus deveria estar muito feliz e orgulhoso de mim. Mas, agora que eu me sentia usada e enganada, melhor procurar outro depositário para minha caridade cristã. E foi assim, com desculpinhas esfarrapadas, que a eu-boa-samaritana modelo falsificado despiu sua fantasia e voltou ao normal.

Passei um tempo fora do Brasil. Quando voltei, encontrei na rua a irmã da nossa moça. “Tá presa. Aquela ali não presta. Eu avisei, né.”

Mês passado, reconheci um corpo magro, alto, pouco feminino, descendo a rua com uma penca de crianças. Era ela. Fingi que não vi e ela fingiu que não me viu. Ela me deve dinheiro e satisfação, está com vergonha de mim. Mas maior vergonha sinto eu, a maior devedora sou eu. Minha sorte é que ela não sabe.

A população inteira do planeta pode argumentar que não devo sentir-me culpada, afinal, ela é adulta e a vida é dela. Mas tem um detalhe, apenas um detalhe maior do que o mundo inteiro: um tal incômodo toda vez que penso nela – e sempre penso nela. Uma vontade de chorar por ela, um amor que brotou não sei de onde e não quer mais ir embora. Uma voz que me diz com insistência gentil: “Eu nunca desisti de você em nenhuma das vezes que você me enganou, eu não fingi que não conhecia você quando teve vergonha de me encarar.” Esta voz, o grito mais visceral da Terra, faz com que eu perca meu prumo. Revela minha nudez e meu descaramento camuflado de bondade traída.

A imagem daquele sorriso de esperança do primeiro dia em que conversamos me é eterna. Olhei em seus olhos e era eu. Naquele momento, nós duas nos encontrávamos em Deus, éramos o mesmo ser miserável, perverso, diverso e fantástico. Ela não mentia, eu não mentia. O encontro foi real.

Não me sinto responsável pelas misérias do mundo – embora eu seja, em parte, responsável pelas misérias do mundo – mas sou, sim, guardadora da Liliane e de seus filhotes. Não foi ninguém que me deu o título, eu apenas sinto e sei.


Mas sou tão canastrona, que, enquanto oro pedindo a Deus que me faça chegar mais perto dEle, enquanto aguardo a revelação de que lugar devo ocupar no Reino, ignoro uma mãe e três crianças na rua, fujo de qualquer coisa que vá exigir de mim mais do que uma boa ação aqui e ali. Vou lustrando as sandálias de Jesus com minhas pequenas justiças, mas no fundo sei o que tenho que fazer. No fundo, todo mundo sabe. Sabe, mas não faz.

Devo, não nego, pago quando puder.

Via Notas de Aprendiz

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A fome de Marina

Independente de que o seu candidato seja uma Silva da Selva, Uma Roussef não-russa, um Serra do planalto paulista ou qualquer outro ser bípede sem penas desse Brasil tropical bem legal, esse texto é impactante pela inteligencia, clareza de raciocínio, competência em buscar e encontrar referências.

*A FOME DE MARINA*
*Por José Ribamar Bessa Freire*

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros
truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição *sine qua non* para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio. “Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam. A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata
de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale?

Talvez Rita Lee tenha razão em
ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

*O mapa da fome *

*A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.*
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que,
mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava
seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.

Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

*Tudo vira bosta*

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, “o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/
e o programa do partido: tudo vira bosta”.

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca”.
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando:

“Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem…
e faz piada”. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você”.

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela tem cara de professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem,
se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome.
Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz
e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, “il péte de santé”.
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…

*Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.*

*Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.*


*Por *José Ribamar Bessa Freire
*Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ)e
pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)*

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O desafio de encarnar

QUANDO O VERBO…
A disciplina da inclusão envolve mais do que um lançamento contábil; envolve mais do que fazer com que o que era contado como de fora passe a ser contado como de dentro. Em cada caso, cada vez que uma pessoa se dispõe a abraçar incondicionalmente uma outra, há um verdadeiro trajeto a ser vencido: um percurso a ser primeiro encontrado e depois percorrido. Ser salvo é ser salvo das distâncias, e arrepender-se é passar a agir deliberadamente de modo a transpô-las.

Vencer em regime definitivo a distância entre eu e o outro é o sentido da cruz e da salvação. É também, ao que tudo indica, a chave do reino de Deus.

O amor, como inventado ou apresentado por Jesus, não é apenas severo, absolutamente inflexível em sua disposição de favorecer e de integrar; é também consistentemente gentil – embaraçosamente gentil. De fato, sua severidade fica demonstrada no caráter inabalável de seu cavalheirismo.

Paulo Brabo, em A invenção da gentileza

…SE FAZ CARNE
Ainda era uma criança quando ouviu, pela primeira vez, falarem sobre Deus. Seus pais se referiam a Ele como “papai do céu”; na escola, adolescente, ouviu de alguns colegas “o cara lá em cima”; na faculdade foi surpreendido por um sujeito que se referia a “certa incógnita”, mas quando estava prestes a morrer que teve a grande revelação: ante ao último suspiro, um amigo lhe apertou a mão e sussurrou-lhe ao pé do ouvido: não se preocupe, estou aqui.

Will, meu amigo, em A grande revelação

via - Laion Monteiro

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Amo como ama o amor

"Nisso consiste o desafio do amor: amar quem não nos amou bem, quem nos feriu, amar quem nos oprimiu com seu amor não tão puro, ou com seu jeito meio estúpido de ser e amar"
(Ed René Kivitz).

sexta-feira, 25 de junho de 2010

:: Juca Kfouri: o ateu à toa! ::

O Deus vivo não é um fenômeno que pode ser explicado ou comprovado por experimentos de laboratório. Deus deve ser sentido pelo coração, e não provado pela razão. Até porque a ciência jamais poderá explicar um Deus que, mesmo sendo todo-Amor, consola com a dor, cura com a ferida, apaga o passado com fogo, fala nos momentos de silêncio e dá a paz com o conflito interior.

Aliás, muitas das presunções dos que se dizem racionalistas e ateus devem ser repensadas sob a lógica das hipóteses que eles mesmos aceitam como verdadeiras. Como diz C. S. Lewis, “se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. [...] Mas se os pensamentos deles são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu”.

Por isso, entre ser escravo de uma razão que nunca vai me libertar e ser amigo e servo de um Deus que me faz livre, fico com a liberdade. Entre ser dependente de uma intelectualidade que me torna cada vez mais arrogante e ser dependente de um Deus que me faz humilde, prefiro a humildade. Entre as presepadas passageiras faladas por Juca Kfouri e as palavras de vida eterna e paz deixadas por Jesus, fico com as de Jesus. Em vez de dar crédito a um ateu que não acredita em Deus, prefiro dar crédito a um Deus que não acredita em ateus. Prefiro ter fé em um Deus que não acredita em “Jucas Kfouris”.

A diferença entre o ateu à toa e Kaká? Para o primeiro, nada na vida é um milagre. Para Kaká, tudo na vida é um milagre. Parafraseando Benjamin Franklin, Kaká acredita no cristianismo da mesma forma que acredita que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vê, mas porque através dele Kaká vê tudo ao seu redor.

E, da minha parte, faço como Kaká: agradeço este texto a Jesus Cristo, porque, sem Ele, eu não posso fazer nada!


Por Fernando Khoury no Atelier das Idéias

Leia todo o texto aqui

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Voto de tolos

Alexandre Garcia

Estão misturando Deus com campanha eleitoral. Pode não ser pecado contra a Lei Eleitoral, mas, sem dúvida, é pecado contra a Lei de Deus. Está no 2º Mandamento: “Não tomarás Seu Santo Nome em vão”. Lembro isso porque há poucos dias o Padre Marcelo Rossi oficiou uma missa de corpo presente de José Serra e pediu orações para o candidato. Outro dia, foi a vez da candidata Dilma receber as orações de ministros evangélicos. Num país em que se agradece a Deus pelo dinheiro que entrou nas meias, nas cuecas e nas bolsas, isso pode não surpreender, mas não faz o menor sentido. Uma, porque o Estado, sob cuja égide se realizam as eleições, é laico; outra, porque Deus não se mete nisso. Ele nos deu o livre arbítrio.

Se Deus se metesse em política, certamente Hitler não teria nascido ou não teria assumido o poder na Alemanha. E se Deus se metesse nessas coisas, o responsável pela matança de 6 milhões de judeus – o povo com que Ele tem mais intimidade – seria o próprio Deus. A Stálin tampouco seria dado o poder de matar milhões de russos, justo no país em que a fé cristã é profundamente forte. Se Stálin não tivesse livre arbítrio, o responsável seria Deus. Também imaginam que Deus e os santos se metem em sorteios, jogos de futebol, coisas assim. Se isso fosse verdade, Deus estaria sendo bondoso para o ganhador da Sena e cruel para os milhões que perderam. Dizem que se reza para santo decidisse partida de futebol, o campeonato baiano ficaria todo empatado…

Há lugares em que se misturam estado e religião. O Vaticano é o estado de mais evidente exemplo disso. Mas o Afeganistão dos talibãs foi um triste outro exemplo de teocracia, como é hoje o Irã dos aiatolás. O Tibete, hoje controlado pelos chineses, era um reino controlado pelo líder religioso, o Dalai Lama, hoje expatriado. Israel do Velho Testamento era um estado com grande intimidade com Deus, o Jeová ou Adonai. Hoje Israel é, como o Brasil, um estado laico. Religião e poder misturados têm causado, como mostra a História, matanças, inquisições, morticínios cruéis. Os reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel, promoveram matanças de velhos, mulheres e crianças só porque eram muçulmanos. E viraram santos.

Assim, é perigoso fazer a mistura, mesmo porque se Deus tomasse partido, negaria sua própria essência, porque se colocaria do lado de um grupo de filhos contra outro grupo de filhos do mesmo Pai. Se pudesse negar a essência, não seria Deus. Parece simples, esse raciocínio, mas para quem comete o pecado de não usar o cérebro que Deus nos deu, essas obviedades não são consideradas e se entra na campanha eleitoral com a maior irracionalidade, aceitando conselhos de ministros religiosos para votar neste ou naquele candidato, em nome de Deus. Como se Deus escolhesse seus representantes – o que também negaria sua essência, ao dar preferência para alguns. É, sim, pecado de arrogância, se anunciar como representante de Deus.

Para o fim ficou o pior de tudo. Há os que usam Deus para ganhar dinheiro. Aí, não é apenas pecado contra o 2º Mandamento de Deus; é também pecado contra os mandamentos dos homens, inscritos do Código Penal. Um pecado chamado estelionato.

Fonte: RepórterNews
Imagem: Internet

Via Pavablog

terça-feira, 1 de junho de 2010

Deus não tem um sonho para você

por Luiz Henrique Matos


Deus não tem um sonho para você.

O sonho de Deus é você. E toda a sua vida, tudo o que você puder ser e realizar. Aquele que te criou não espera de você uma única coisa que um dia vai se cumprir. Você não tem, afinal, uma missão que guiará sua vida ao grande acontecimento que te consagrará. Você não é um super-herói com o chamado para salvar sozinho toda a humanidade e ter sobre si o peso da paz mundial.

Deus evidentemente se orgulha dos feitos de seus filhos e se alegra com suas conquistas. Mas entenda, por favor, que não é a presença ou a falta desses acontecimentos que vai diminuir o amor dele por você e, muito menos, a realização de sua vida. Não são os seus feitos que determinarão seu sucesso ou fracasso. É o seu caráter, a sua vida, as decisões que tomou que serão as suas marcas.

A realização do homem, por maior que seja, não pode ser maior do que o homem.

Por isso, não existem fins que justifiquem meios. Porque não existe fim. Existe o ser, simplesmente SER, e essa é a grande honra. Pode parecer pequeno, pode parecer monótono e sem graça, mas é o estar em Deus que faz a graça e dá a dimensão de grandeza para cada pequeno gesto e direção para a qual nossas vidas se conduzem.

Nas mãos de Deus somos nós o grande sonho – e não aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. E embarcados nesse sonho, vivemos as grandes conquistas e as coisas pequenas da vida, sem que uma tenha mais valor ou importância que outra. Em Deus, publicar um best-seller ou pôr minha filha para dormir me dão o mesmo senso de conquista e realização. Porque a alegria não está nas coisas ou experiências, a alegria verdadeira está em Deus e na vida plena e abundante que isso representa.

Em Deus, não fazemos grandes obras. As nossas obras é que se tornam grandes.

Acreditar que temos um plano de vida, é reduzir nossa vida toda a um único projeto. E isso é muito pouco diante da grandeza da vida, da beleza da criação e da infinitude do Deus eterno e soberano a quem amamos.

As grandes conquistas de um homem, não podem ser julgadas por outro homem. E é sob o ponto de vista humano que em geral avaliamos a história de nossos semelhantes. Mas aos olhos de Deus, Martin Luther King Jr. foi tão grande nobre quanto qualquer de seus colegas de escola que foram trabalhar numa fábrica de veículos ou nas plantações de Atlanta.

Se tanto queremos o reconhecimento público, talvez até o consigamos, provavelmente o teremos como fruto de muito esforço. Mas se for esse o norte que rege a caminhada, então é muito provável que deixaremos de lado boa parte das verdadeiras conquistas que nos preencheriam.

Isso não quer dizer que não teremos grandes realizações, que não temos grandes coisas a fazer. Nossos dons e talentos devem ser usados com a finalidade dada por Deus, como fruto que alimente a outros. Porque nas mãos de Deus, pessoas comuns com seus dons afinados estão no centro de sua vontade. Líderes políticos, artistas, intelectuais, cobradores de impostos, pescadores e… carpinteiros.

Por isso, não precisamos nos encolher diante da vida, com medo de não deixar a grande marca que acreditamos que devemos imprimir no mundo. A marca que devemos deixar nesse mundo, somos nós, em nossa existência plena de Deus.

Se temos vida, a vida é Deus em nós.

E por onde você passar, cada palavra que pronunciar, que ali seja sua obra, sua missão, seu discurso libertador. Que seja você a voz de salvação. Que você tenha sonhos para Deus!

Nós em Deus,
Cristo em nós,
totalmente.
Que assim seja
eternamente.
Que assim sejamos,
totalmente em Deus,
simplesmente.

“Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim” (João 17:21-23a).

A Ele!

Via Missão Virtual

Este texto faz parte do e-book Correndo Atrás do Vento de Luiz Henrique Matos.

O livro está no final da página. Vale muito a pena uma visita no blog dele também.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ter uma teologia correta não significa que você conhece a Deus

É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico ir para o céu. É ainda mais fácil um elefante passar por essa agulha que uma pessoa com a teologia correta não ficar arrogante. Quantas pessoas você conhece que leram um livro de João Calvino e jogaram o livro como quem faz uma cesta no basquete, para depois fazer uma dancinha, como se tivessem algum mérito naquilo?

Cinco anos depois de lançar o meu terceiro livro, Searching for God Knows What (inédito no Brasil), o editor veio até mim e perguntou se poderia fazer uma nova edição do livro. O livro vendeu muito bem durante todos esses anos, e queriam dar a ele uma “segunda vida”. Como escritor, fiquei animado com a idéia. Antes de Um Milhão de Quilômetros, aquele era o livro que mais me orgulhava, por isso concordei em trocarmos a capa e decidi escrever algum material extra.

Os dois principais componentes acrescentados ao livro é uma nova introdução, na qual defendo que a teologia correta não tem nenhum poder redentor, pois o poder redentor só vem através de um relacionamento com Jesus. Eu explico por que a teologia correta tornou-se um falso ídolo, e quando é usada como uma “chupeta” para nos acalmar e nos fazer sentir bem ao invés de redimidos, gera arrogância, tornando-se uma isca para a personalidade ofensiva e controladora. Muitos líderes cristãos desmerecem outros pastores e pensadores, em nome da teologia correta. Isto é perturbador, gerando algo que confunde as pessoas e as impede de verem a Cristo.

O segundo acréscimo ao livro é uma teoria da personalidade que eu escrevi e coloquei no capítulo final. Eu a chamo de Teoria do Gênesis. Ela explica, creio eu, como nossa personalidade se desenvolve baseada na descrição da queda do homem, em Gênesis 2 e 3. Estou esperando para testar esta teoria ouvindo a opinião de alguma universidade cristã. A semente dessa teoria está na reedição do meu livro. Enfim, reproduzo aqui um pouco da nova introdução. É só uma parte, mas vai lhe dar uma idéia do que o livro trata. Espero que gostem dos acréscimos. Muito obrigado.
Da introdução de Searching for God Knows What :

…. durante uma noite escura da alma, comecei a perceber que a salvação acontece através de uma interação misteriosa, indefinível e relacional com Jesus, na qual nos tornamos um com ele. Percebi que a conversão cristã está mais próxima do ato de se apaixonar por alguém do que a compreensão de uma série de conceitos ou idéias. Não quero dizer que não existem idéias verdadeiras, mas preciso lembrar que há algo mais, algo além. Existem idéias verdadeiras envolvidas no casamento e no sexo, mas casamento e sexo também envolvem algo mais, e esse algo mais é misterioso.

Se temos uma personalidade controladora, em que gostamos de conferir as coisas fazendo listas, isso será algo extremamente difícil para nós compreendermos e aceitarmos. Na verdade, Deus não nos deu nenhum controle sobre este “sistema” de relacionamento. Levar alguém a conhecer Jesus não é o mesmo que apresentá-lo a idéias, mas sim a uma divindade pessoal, que vive e interage. Evangelismo, então, parece mais com alguém que vai a um encontro arranjado, às cegas. Deus faz o trabalho, apenas falamos aos outros um pouco sobre ele e onde podem encontrá-lo.

Você pode ter ficado chateado. Talvez ache que estou dizendo que a verdade deve ser jogada fora, que a teologia não importa. Mas não é isso que estou tentando dizer. Apenas pretendo ilustrar que nossa tendência de procurar definir Deus com uma teologia matemática tornou-se um falso deus, ao invés de ser uma seta que aponta para o Deus verdadeiro. A teologia pode tornar-se um ídolo, mas é mais útil como guard rail em uma estrada para o verdadeiro Deus. Teologia é algo muito importante, mas não é Deus; e saber fatos sobre Deus não é o mesmo que conhecer a Deus. Deixe-me dar um exemplo extremo de como isso se tornou algo ruim no Ocidente.

Na época em que estava pensando sobre essas coisas (eu partilho isso no livro, por isso perdoem a repetição), dava aulas no Canadá. Meus alunos eram do primeiro ano da faculdade, e todos haviam crescido na igreja. O nome da matéria era “O Evangelho e a Cultura”. Comecei a aula fazendo uma experiência. Disse à classe que iria compartilhar o evangelho de Jesus, mas deixaria algo de fora. Eu queria que eles descobrissem o que eu tinha “esquecido”. Falei primeiro sobre o pecado e como somos criaturas caídas. Contei algumas histórias e usei algumas ilustrações. Falei sobre o arrependimento, novamente usei algumas histórias. Então falei sobre o perdão de Deus e sobre o céu. Demorei algum tempo fazendo isso. Quando finalmente parei, pedi que a classe dissesse o que eu havia deixado de fora. Depois de 20 minutos ou mais de discussão, nenhum aluno percebeu que eu tinha deixado Jesus de fora. Nenhum! Acredito que eu poderia repetir o mesmo experimento em qualquer sala de aula cristã na América do Norte.

O que comecei a entender, naquela época, é que a conversão cristã é relacional. Não é mais teológica ou intelectual do que um casamento é teológico ou intelectual. Em outras palavras, uma criança poderia tornar-se cristã se tiver um encontro misterioso com Jesus, uma pessoa simples pode se tornar cristã se tiver um encontro misterioso com Cristo, e até mesmo um muçulmano ou budista poderia se tornar cristão se tivesse um encontro relacional misterioso com Cristo. Esta é a única conclusão que eu poderia chegar e que corresponde à realidade em que vivemos, a complexidade das Escrituras, e o convite misterioso que nos é oferecida por Jesus.

Escuto as massas dizendo: “Mas não! Uma pessoa não pode crer em vários deuses e ser cristã.” Deixe-me responder com algumas perguntas:
Uma pessoa pode ter uma teologia ruim e ser cristã?
Sua teologia já foi correta, e você realmente era um cristão antes?
Sua teologia pode explicar tudo, então você não tem mais motivos para estudar, e se não explica, você é um cristão?

Se você acredita que a teologia de alguém precisa estar correta para que ela se qualifique à conversão cristã, então você está dizendo que uma pessoa, em parte, pode conhecer a Deus porque ele tem as idéias corretas. Mas eu respeitosamente discordo. Eu acho que a teologia correta é importante? Com certeza, mas não acredito que isso tenha um poder para converter maior que o endereço de um consultório médico tem o poder de curar.

Um amigo rebateu meu argumento, enfaticamente, dizendo que a menos que uma pessoa entenda e concorde com a idéia teológica da depravação total, não poderia ser um cristão. Perguntei ao meu amigo quando ele aprendeu sobre isso. Ele respondeu que foi no seu segundo ano no seminário. Perguntei-lhe, então, quando ele tinha se tornado um cristão, respondeu-me que quando estava na terceira série do ensino fundamental. Seu raciocínio era, obviamente, louco, mas não acho que ele é o único que pensa assim. Creio que Deus quer nos envolver e transformar pela Sua Palavra. Isso significa que alguém de outra fé que encontra Jesus poderia apenas corrigir a sua ideologia? Talvez. O que estou dizendo, porém, é que Deus não exclui alguém de sua graça salvadora porque eles não têm uma lista de idéias teológicas corretas. Para aqueles de nós que os julgamos e condenamos, é preciso pensar: por que estamos nos opondo quando o Deus que amamos e servimos é tão inflexível sobre nos relacionamento com eles do mesmo modo que Ele tem se relaciona conosco?

Você poderia me fazer um favor e ler este livro? Você estaria disposto a aumentar e expandir sua compreensão de Deus e como Ele opera? Se a sua compreensão do cristianismo é relativamente conservadora, pode surpreendê-lo o fato de nossa teologia ser muito semelhante. Mas aviso que vou continuar a retirar o poder e a beleza dos fatos a respeito de Deus e atribuir ambas apenas ao próprio Deus. Isso vai incomodá-lo na mesma medida que a teologia correta for o seu falso deus. Você ficará revoltado em seu íntimo, porque aquilo em que você tem colocado a sua segurança (ou seja, sua capacidade de defender as idéias corretas) será ameaçado. Mas não se engane, não estou atacando a teologia correta, estou simplesmente fazendo a teologia ser uma janela e não uma parede.

Nesta viagem você poderá passar pela mesma noite escura da alma que eu passei. Mas do outro lado, eu lhe asseguro, está Cristo, e você vai amá-lo pelo que Ele fez. Você ficará coberto de sangue da batalha, de joelhos diante d’Ele, sabendo que Ele é toda a esperança que você tinha, e esperamos, em um momento maravilhoso de liberdade, entender que ele sempre é a esperança que você precisa.

Fonte: blog do Donald Miller

Tradução: Jarbas Aragão

Embora este livro ainda não esteja disponível no Brasil, você pode conhecer os outros livros do autor nos sites das editoras Garimpo e Thomas Nelson.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ta reclamando de que?

" Tá " reclamando do Wellington Salgado? do Sarney? do Collor? Do Renan? do Palocci? do Jucá? do Lula? do Kassab? Do Arruda? Brasileiro Reclama De Quê?

O brasileiro é assim:

1. - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

2. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

3. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

4. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.

5. - Fala no celular enquanto dirige.

6. -Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

7. - Para em filas duplas, triplas em frente às escolas.

8. - Viola a lei do silêncio.

9. - Dirige após consumir bebida alcoólica.

10. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

11. - Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas.

12. - Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

13. - Faz " gato " de luz, de água e de tv a cabo.

14. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

15. - Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.

16. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

17. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.

18. - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

19. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

20. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

21. - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são piratas.

22. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

23. - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.
24. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

25. - Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

26. - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.

27. - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

28. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.

29. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

30. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E quer que os políticos sejam honestos...

Escandaliza-se com a farra das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não?
Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!

Espalhe essa idéia!

"Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos..."

Amigos!
A mudança deve começar dentro de nós, nossas casas, nossos valores, nossas atitudes!!


Um dos e-mails mais verdadeiros que recebí! E não é de um cristão.
Fiquei vermelho, pois como cristão não posso dizer que isso acontece só no mundo, pois a igreja tá assim ou pior, infelizmente.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O “JESUS” QUE JESUS NÃO CONHECE!

Todos os dias encontro pessoas que vivem como bem entendem, mas desejam assim mesmo as bênçãos do Evangelho.

O ardil é simples:

A pessoa não lê a Palavra [exceto em reuniões públicas e a fim de basear o discurso de algum pregador], não conhece Jesus [exceto como nome poderoso nas bocas dos faladores de Deus], não ora [exceto dando gritos de apoio às orações coletivas], não pratica a Palavra [exceto a palavra do profeta do grupo, ou do bispo ou autoridade religiosa da prosperidade ou da maldição], não se compromete com o Evangelho [exceto como dízimo e dinheiro no “Banco de Deus”: a “igreja”]; e, de Jesus, nada sabe; pois, de fato, nada Dele experimenta [exceto como medo].

Entretanto, a pessoa fica pensando que o Evangelho que ela nem sabe o que é haverá de abençoá-la em razão de que ela está sempre no “endereço de Deus”: o templo da “igreja”.

Assim, vivem como pagãos em nome “de um certo Jesus” que não é Jesus conforme o Evangelho; e, mesmo assim, seguem “um evangelho” que não é Evangelho, para, então, depois de um tempo, acharem que o Evangelho não tem poder, posto que acham que já o provaram e de nada adiantou; sem saberem que de fato deram suas vidas a uma miragem, a um estelionato, a uma fantasia de “Deus”.

Milhões pronunciam o nome de Jesus, mas poucos o conhecem numa relação pessoal!

Na realidade o que vejo são pessoas estudando teologia sem conhecerem a Deus; entregando-se ao ministério sem experiência do amor de Deus em si mesmas; brigando pela “igreja” [como grupo de afinidades] sem amarem o Corpo de Cristo em seu real significado; pregando “a mensagem da visão da igreja” julgando que tem algo a ver com a Palavra de Jesus [apenas porque o nome “Jesus” recheia os discursos].

E mais: os que aparentemente sabem o que é o Evangelho e quais são as suas implicações, ou não querem as implicações para as suas vidas pessoais, ou, em outras ocasiões, não querem a sua pratica em razão de que ela acabaria com o “poder” de bruxos que exercem sobre o povo.

Assim, vão se enganando enquanto enganam!

O final é trágico: vivem sem Deus e ensinam as pessoas a viverem na mesma aridez sem Deus na vida!

O amor à Bíblia como livro mágico acabou com o amor à Palavra como espírito e vida!

Não se lê mais a Palavra. As pessoas levam a Bíblia aos “cultos” apenas para figurar na coreografia e na cenografia da reunião — nada mais!

Oração em casa, sozinho, com a porta fechada, e como algo do amor e da intimidade com Deus, quase mais ninguém pratica!

Ora, enquanto as pessoas não voltarem a ler a Palavra, especialmente o Novo Testamento, jamais crescerão em entendimento e jamais provarão o beneficio do Evangelho como Boa Nova em suas vidas.

Há até os que depois de um tempo julgam que o Evangelho é fracassado em razão da “igreja” estar fracassada.

Para tais pessoas a “igreja” não é apenas a “representante de Deus”, mas, também, é o próprio Evangelho!

Que tragédia: um Deus que se faz representar pelo coletivo da doença do “Cristianismo” e que tem “igreja” a encarnação de um evangelho que é a própria negação do ensino de Jesus!

O que esperar como bem para tal povo?

Ora, se não tiverem o entendimento aberto, o que lhes aguarda é apenas frustração, tristeza e profundo cinismo.

Quem puder entender o que aqui digo, faço-o para o seu próprio bem!

Nele, que não é quem dizem que Ele é,


Caio

09/05/08
Lago Norte
Brasília
DF