Alexandre Garcia
Estão misturando Deus com campanha eleitoral. Pode não ser pecado contra a Lei Eleitoral, mas, sem dúvida, é pecado contra a Lei de Deus. Está no 2º Mandamento: “Não tomarás Seu Santo Nome em vão”. Lembro isso porque há poucos dias o Padre Marcelo Rossi oficiou uma missa de corpo presente de José Serra e pediu orações para o candidato. Outro dia, foi a vez da candidata Dilma receber as orações de ministros evangélicos. Num país em que se agradece a Deus pelo dinheiro que entrou nas meias, nas cuecas e nas bolsas, isso pode não surpreender, mas não faz o menor sentido. Uma, porque o Estado, sob cuja égide se realizam as eleições, é laico; outra, porque Deus não se mete nisso. Ele nos deu o livre arbítrio.
Se Deus se metesse em política, certamente Hitler não teria nascido ou não teria assumido o poder na Alemanha. E se Deus se metesse nessas coisas, o responsável pela matança de 6 milhões de judeus – o povo com que Ele tem mais intimidade – seria o próprio Deus. A Stálin tampouco seria dado o poder de matar milhões de russos, justo no país em que a fé cristã é profundamente forte. Se Stálin não tivesse livre arbítrio, o responsável seria Deus. Também imaginam que Deus e os santos se metem em sorteios, jogos de futebol, coisas assim. Se isso fosse verdade, Deus estaria sendo bondoso para o ganhador da Sena e cruel para os milhões que perderam. Dizem que se reza para santo decidisse partida de futebol, o campeonato baiano ficaria todo empatado…
Há lugares em que se misturam estado e religião. O Vaticano é o estado de mais evidente exemplo disso. Mas o Afeganistão dos talibãs foi um triste outro exemplo de teocracia, como é hoje o Irã dos aiatolás. O Tibete, hoje controlado pelos chineses, era um reino controlado pelo líder religioso, o Dalai Lama, hoje expatriado. Israel do Velho Testamento era um estado com grande intimidade com Deus, o Jeová ou Adonai. Hoje Israel é, como o Brasil, um estado laico. Religião e poder misturados têm causado, como mostra a História, matanças, inquisições, morticínios cruéis. Os reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel, promoveram matanças de velhos, mulheres e crianças só porque eram muçulmanos. E viraram santos.
Assim, é perigoso fazer a mistura, mesmo porque se Deus tomasse partido, negaria sua própria essência, porque se colocaria do lado de um grupo de filhos contra outro grupo de filhos do mesmo Pai. Se pudesse negar a essência, não seria Deus. Parece simples, esse raciocínio, mas para quem comete o pecado de não usar o cérebro que Deus nos deu, essas obviedades não são consideradas e se entra na campanha eleitoral com a maior irracionalidade, aceitando conselhos de ministros religiosos para votar neste ou naquele candidato, em nome de Deus. Como se Deus escolhesse seus representantes – o que também negaria sua essência, ao dar preferência para alguns. É, sim, pecado de arrogância, se anunciar como representante de Deus.
Para o fim ficou o pior de tudo. Há os que usam Deus para ganhar dinheiro. Aí, não é apenas pecado contra o 2º Mandamento de Deus; é também pecado contra os mandamentos dos homens, inscritos do Código Penal. Um pecado chamado estelionato.
Fonte: RepórterNews
Imagem: Internet
Via Pavablog
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