Existe um exercício excessivo de policiamento do estado de humor coletivo. Até aí não há mal, pois é dessas atividades que necessitam alguns ociosos para que não migrem completamente para um estado vegetativo.
O que incomoda nos medidores de temperamento é a convenção de que o mal não está no sorrir, mas no chorar. Fabricam remédios, aos montes, para que a permanência no estado sombrio, ao qual chamaram depressão, seja o mais breve possível.
José Saramago disse numa ocasião “Não sou pessimista, o mundo é que é péssimo!…”. Qualquer um, com o mínimo de bom senso, ouvindo a frase concorda que é mais pura verdade.
Concluindo que as coisas caminham velozmente para o fim , não há porque manter grandes expectativas no futuro. Se, na lista de acontecimentos diários, os motivos para a tristeza são maiores que as razões festeiras, convenhamos que a verdadeira síndrome é a da felicidade, pois evidencia alienação da realidade do mundo que nos contém.
Se comemora a compra do carro 0 Km, seria necessário manter luto pelos males indiretos da aquisição que, acreditem, são mais numerosos: mão de obra barata envolvida na fabricação do veículo, poluição, impostos, aquecimento global, trânsito…
Vê-se num único exemplo que os motivos de festa são insignificantes em vista do sofrer cotidiano.
Agora me pergunto: para que a duração do alienado sorrir fosse a mais breve possível, não seria necessário um remédio anti- felicidade?
Entretanto, como bom cristão, peço-lhe que não desista do sorriso, mas daquele autêntico e bem motivado. Falo daquele sorrir que não custa seu dinheiro, que pode ser obtido sem qualquer dívida ou responsabilidade. Aquele de um beijo, de um abraço. São raras essas risadas? Talvez sim, mas verdadeiras.
by Thiago Bomfim
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