Ninguém era chamado de mestre, pois todos eram membros da mesma família e tinham só um Mestre como diz em Mateus 7... tampouco alguém era chamado de pastor, apóstolo, bispo, diácono ou Irmão. Todos eram conhecidos pelos nomes, Maria, Pedro, Anselmo, Tais, Ubirajara...Todos os que criam pensavam e sentiam do mesmo modo. Não que não houvesse ênfases diferentes, pois Paulo dizia: “Vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem das obras, para que ninguém se glorie” enquanto Tiago dizia: “A pessoa é aceita por Deus por meio das suas obras e não somente pela fé”.
Mas, mesmo assim, havia amor, entendimento e compreensão entre as pessoas e suas muitas ênfases e diferenças... Não havia teólogos nem cursos bíblicos, nem era necessário que ninguém ensinasse, pois o Espírito Santo ensinava a todos e cada um compartilhava o que aprendia com o restante vindo Dele... E foi dessa forma que o Antônio, advogado, aprendeu mais sobre amor e perdão com Diva, faxineira, não havia gente rica em meio a igreja, pois ninguém possuía nada. Todos repartiam uns com os outros as coisas que estavam em seu poder de acordo com os recursos e necessidades de cada um.
Assim, Caio que era empresário, não gastava consigo e com sua família mais do que Carlos, ajudante de pedreiro... todos viviam, trabalhavam e cresciam, estando constantemente ligados pelo vínculo do amor, que era o maior valor que tinham entre eles. Quando eu perguntei sobre o horário de culto, Marcelo não soube me responder e disse que o culto não começava nem acabava. Deus era constantemente cultuado nas vidas de cada membro da igreja. Mas ele me disse que a igreja normalmente se reunia esporadicamente, pelo menos uma vez por semana em que a maioria podia estar presente. Normalmente era um churrasco feito no sítio do José, mas no sábado em que eu participei, foi uma macarronada com frango na casa da Dani.
As pessoas iam chegando e todos comiam e bebiam o suficiente depois todos satisfeitos, Paulo, bem desafinado, começou a cantar uma canção. Era um samba que falava de sua alegria de estar vivo e de sua gratidão a Deus. Maurício acompanhou no cavaquinho e todos cantaram juntos. Afonso quis orar agradecendo a Deus e orou. Patrícia e Bela compartilharam suas interpretações sobre um trecho do evangelho que estavam lendo juntas..
Dessa vez foi Tiago que orou. Outras canções, orações, hinos e palavras foram ditas e todas para edificação da igreja.
Quando o sol estava se pondo, Filomena trouxe um enorme pão italiano e um tonelzinho com um vinho que a família dela produzia. O ápice da reunião havia chegado, pela primeira vez o silêncio tomou conta do lugar. Todos partiram o pão, encheram os copos de vinho e os olhos de lágrimas. Alguns abraçados, outros encurvados, todos beberam e comeram em memória de Cristo. Acordei e um padre da “inquisição” estava batendo a minha porta, junto dele estavam pastores, bispos, policiais, presidentes, ditadores, homens ricos e um mandado de busca... Disseram que houvera uma denúncia e que havia indícios de que eu era parte de um complô anarquista para acabar com a religião. Acusaram-me de freqüentar uma igreja sem doutrina e hierarquia; me ameaçaram e falaram: “Ninguém vai nos derrubar!”. Expliquei: “Vocês estão enganados, não fui a lugar nenhum, não encontrei ninguém ou participei de nada... aquela é apenas a igreja dos meus sonhos”.
por: um irmão em Cristo Jesus
Postado por Memórias de July Sanper , às 12:08
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