quarta-feira, 17 de junho de 2009

A SUA CURA, O OUTRO....

Os caminhos do coração humanos são indecifráveis...
Você vê gente sofrendo de tudo, e vivendo como se tudo fosse normal. Você, por outro lado, vê gente sofrendo de nada como se sofresse de tudo...
Na realidade, cada vez mais, minha experiência vai mostrando que não há escolas psicológicas capazes de atender a cada alma humana.
De fato, cada alma demanda uma psicologia pessoal e particular...
Não dá pra dizer que Freud explica quase nada...
Freud explica a si mesmo..., e olhe lá...
Sua Psicanálise é auto-analise, por mais “cientifico” que ele pretendesse ser, posto que por mais isento que fosse, a “ciência” que ele praticava só poderia ser verificada a partir dele mesmo, não apenas de sua interpretação, mas de sua própria/particular/existencial experiência psicológica.
Há pessoas que me procuram com crises de contornos “freudianos”. Para tais pessoas Freud parece funcionar bem... Outras, porém, nada têm a ver com o que o Freud pressupôs houvesse em todo homem, sem que haja...
Nesses casos, tateio até ver a “porta de entrada” da pessoa, e, frequentemente, verifico que tal “entrada” não existe nas matrizes das linhas psicológicas clássicas ou pedagógicas, e, portanto, demanda uma psicologia singular, tecida entre você e a pessoa, até que o sistema esteja mais ou menos visível e, portanto, discernível.
Em outras palavras: tem que ser como Jesus praticava...
A “psicologia” de Jesus era simples e se servia das metáforas que as pessoas traziam ou compreendiam. Tudo, porém, tinha ver com “aquela” pessoa, e não com uma matriz psicológica universal.
Assim, com Jesus não há padrões... O padrão é o individuo...
Desse modo, cada pessoa demanda uma psicologia singular, por mais que os modelos psicológicos possam ajudar aqui e ali. No entanto, depender exclusivamente deles é pura tolice...
O modelo de Paulo, a confrontação, é o que vejo que melhor ajuda as pessoas, pois, de fato, trata-se de um método não metódico, é que busca discernir a essência da questão, e trata dela cara a cara, sem medo de afirmar, de indagar, de sugerir, de provocar, de perturbar mesmo... — até que a verdade vá aparecendo, e, assim, a pessoa vá se enxergando e tomando as decisões práticas quanto a debelar o vício do sintoma como mal a ser tratado como causa... sem que o seja.
Os pudores psicológicos atrasam em demasia a cura das pessoas...
Vejo pessoas oito, dez, doze anos em um terapeuta, ruminando os mesmos bagaços, pagando caro para serem ouvidos sem que isto deslinde qualquer coisa em seus interiores, até que chegue o dia da verdade...
Então, sem pudor, atendo a tais pessoas; algumas já sabem tudo de tudo, até mais que a maioria dos psicólogos, de tão profissionais como clientes que vieram a se tornar...
A surpresa para elas é que o que durara anos, por vezes em uma, duas, três semanas, ou em poucos meses, cede...; e, então, começa a abrir o espaço interior para que, pela via da confrontação, a pessoa comece a parar de chocar seus quase/dramas; e, assim, sem pena de si mesmo, sem transferências de nada para ninguém, sem auto-piedade ou auto-comiseração, o individuo comece a reagir; e, em não muito tempo, comece a ficar perplexo com os resultados...; sem saber a razão de não ter que ser um processo necessariamente tão longo e demorado no atingimento dos desejados resultados...
Na realidade o que a maioria das pessoas necessita é do encaramento na e da verdade!
Noto o despreparo brutal da maioria dos chamados profissionais de Psicologia. Alguns nada dizem apenas porque não têm mesmo o que dizer... Outros gostam da lentidão... Ela é lucrativa... Há ainda os que são tão doentes que fazem psicologia para se distraírem de si mesmos ouvindo os outros... Mas poucos há com consciência do que seja a ajuda que as pessoas precisam...
Ora... isto sem falar naqueles que são pagos apenas para consentirem com o devaneio do individuo...
São os Psicólogos do “vamos que vamos”...
Sim, você o paga apenas para que ele diga que você tem razão em soltar todas as frangas e todos os bichos do seu zoológico particular...
No meio disso tudo, há alguns profissionais da psicologia que são de fato muito bons, embora poucos.
O que me ressinto mesmo é do fato que se houvesse entendimento do Evangelho, e amor e limpidez de propósitos, todo verdadeiro pastor de almas naturalmente seria um psicólogo.
Mas quase não há tal coisa... A maioria dos pastores está tão perdida que nem mesmo dá conta de sua própria alma, quanto mais da dos outros!...
A receita de cura de Isaías é simples [cap.58]: liberte os oprimidos, quebre cadeias nos outros, franqueia a vida ao próximo, não fuja dele; e mais que isto: abra a sua própria alma com o aflito [deslocando o foco do “si-mesmo” para o outro] — pois, então, se diz: A tua cura brotará sem detença!...
A melhor terapia desta vida sempre será o serviço em amor!
Quem se esquece de si e arranja olhos para a vida, em geral ficará curado enquanto limpa feridas e cuida de angustias alheias...
Aquele, porém, que apenas cuida de si mesmo, de suas supostas dores, e concentra-se exclusivamente em sua angustia como elemento pivotal da existência universal, esse pode contratar o melhor psicólogo para que lhe ande a tira-colo, pois, ainda assim, jamais ficará curado...
Ninguém sabe em que espírito o Samaritano vinha sem seu caminho... Entretanto, pouco importa se ele vinha cantando, alegre, feliz e grato, ou se vinha sofrendo, angustiado e infeliz... Sim, o que importa é que ele olhou para o outro, o outro pior do que ele, o outro sem autodeterminação, caído no caminho... E mais: fez isso sem que importasse quem ele ou o outro fossem um para o outro...
Sem que fosse significativo como o Samaritano estivesse se sentindo, o que valeu foi o ato, foi o feito, foi a parada e o levantar do homem...
Sim, o importante não era a subjetividade, mas a objetividade da decisão...
Digo isto hoje porque vejo que muitos dos que me escrevem jamais ficarão curados enquanto não se esquecerem de si mesmos, e, enquanto não transformarem sua auto-vitimização em ação pró-ativa em favor da vida...
Pense nisto; e pare de lamber adoecidamente as suas próprias feridas...

Nele, que nos cura pela verdade e pela prática do amor voltado para aquele que vemos..., e que carece de graça e cuidado,

Caio
28 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
www.caiofabio.com

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Teologia líquida

"Perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma." Jr 6.16
Ou seja, quantidade e velocidade com a qual recebemos informação atualmente não nos permite guardar nossas memórias. Estamos agindo de forma bastante leviana com o que é relevante, seja ligado a nossas origens, ou assuntos relativos a nossa sociedade. As memórias se perdem e as novas informações não são devidamente assimiladas. -- Nossas memórias precisam ser cuidadas. Sejam as ligadas as nossas origens pessoais, ou a história da humanidade. Fatos e pessoas importantes estão sendo esquecidos cada vez mais. Muita velocidade e informação, mas nenhum tempo para guardar. O tempo e as lembranças desbotam e escorrem como líquido de nossas vidas. (comentário do Overmundo).

O tempo parece escorrer pelas mãos. E a teologia e a história da igreja não escapam dessa corrosão contemporânea de uma sociedade líquida. Entenda-se sociedade líquida como algo que se transforma velozmente e que não permite a estabilização de modelos ou tradições. Estamos vivendo um mundo que ultrapassou o conceito de pós-moderno e é algo indefinido e fluido.

“Vivemos o tempo do conecta e desconecta”, como disse Bauman -- professor emérito das universidades de Leeds e de Varsóvia, 83 anos, autor de best-sellers como "O mal-estar da pós-modernidade", "Modernidade líquida" e "Amor líquido", o sociólogo polonês Zigmunt Bauman é um ferrenho analista das consequências sociais do que conhecemos como progresso. (ver).

“Vivemos um tempo em que estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê.” (Bauman). Fragmentação, descarte, não há tempo para refletir, meditar, estudar, orar, adorar, tudo é tão rápido e sem profundidade! Não há sólidas crenças em verdades absolutas! Como ser conservador, tradicional ou ortodoxo se a teologia flui, amolda-se aos estilos? Alguém no passado já nos ofereceu uma resposta: “Se mil crenças antigas fossem aniquiladas em nossa marcha em direção à verdade, ainda assim deveríamos continuar marchando”. (Stopford A. Brooke).

Tudo o que está nas Escrituras e na História da Igreja foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança e não venhamos a repetir determinados erros.

Romanos 15:4 "Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança."

Provérbios 22:28 "Não removas os marcos antigos que puseram teus pais."

Jeremias 6:16 "Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos."

Uma Igreja forte não será erguida sem um bom conhecimento da história do cristianismo, pois conhecemos a Igreja através da Bíblia e da história da igreja. Graças a Deus pelos “arquivos e pastas” que Ele preservou para a igreja. A história das doutrinas cristãs, seu desenvolvimento, seus erros e acertos! Imaginem uma igreja sem memória dos marcos antigos! Esforcemos-nos para preservar e entregar a doutrina que os apóstolos receberam! Alguém já disse: “Aquele que propaga uma grande verdade no mundo serve à sua geração”. Sirvamos a nossa geração e também as futuras! O que deixaremos e entregaremos para os nossos filhos?

1 Coríntios 15:3 "Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras."

1 Coríntios 11:2 "De fato, eu vos louvo porque, em tudo, vos lembrais de mim e retendes as tradições assim como vo-las entreguei."

Autor: Raniere Maciel Menezes
Fonte: [ Frases Protestantes ]
Via - Bereianos